Igreja Batista da Provisão

Jan ou João Huss e os primórdios da Reforma

Pr Adélcio Ferreira - IBPMG 09 Outubro, 2024

Jan Huss foi um padre e teólogo tcheco que criticou as doutrinas católicas, influenciando posteriormente os reformadores protestantes do século XVI.

A Reforma Protestante no continente europeu ganhou amplitude durante o século XVI quando Martinho Lutero e João Calvino conseguiram milhões de adeptos, colocando em xeque o poder da Igreja Católica e insuflando uma série de revoltas populares. Entretanto, antes dos dois famosos reformadores religiosos, houve outros que os precederam. Dentre eles, estava Jan Huss.

Jan Huss antecipou várias críticas às doutrinas e à prática da Igreja Católica que ficariam célebres com Lutero e Calvino. Dentre elas, é interessante destacar sua oposição à venda de indulgências e à riqueza da Igreja, bem como à comunhão ser restrita ao corpo eclesiástico, não sendo oferecida aos demais crentes, principalmente os de origem popular.

Nascido em 1369 (ou 1371) na Boêmia, onde hoje se localiza a República Tcheca, Jan Huss teve uma formação filosófica e teológica, apesar de ser oriundo de família humilde. Na Universidade de Praga, tornou-se professor de teologia em 1398, sendo ordenado padre em 1400.

Estudioso das doutrinas de John Wycliff, de quem adotava algumas ideais, Huss passou a pregar em seus sermões que a bíblia era a grande autoridade dentro do cristianismo e o grande paradigma para a vida do cristão, contrapondo-se à autoridade da hierarquia eclesiástica. Defendia que a comunhão do pão e do vinho deveria ser oferecida a todos os fieis. Além disso, Jan Huss pregava a ideia de uma Igreja pobre contra a opulência que apresentava a Igreja católica. Para eles, os esforços realizados pelo homem na Terra deveriam aproximá-lo do mundo perfeito de Deus.

Tal postura de Huss causou uma forte oposição da Igreja, como era de se esperar. Entretanto, as condições sociais a que estava submetida grande parte da população da região contribuíram para que a situação se tornasse ainda mais conflituosa. A pregação de Jan Huss sobre a criação de um mundo de justiça social entrava também em conflito com a situação de exploração e miséria a que estavam submetidos os camponeses da Boêmia. Para Huss, a desintegração do mundo contemporâneo a ele era o indício do aparecimento do anticristo.

Soma-se a isso o fato de grande parte da nobreza proprietária das terras ser de origem alemã. As ideais de Jan Huss conseguiram sensibilizar os nobres de origem tcheca, que viam em suas pregações uma forma de enfrentar os germânicos. Com isso, Huss garantiu sua eleição para o cargo de reitor na Universidade de Praga, em 1409, sob as ordens do rei da Boêmia, Venceslau IV. A indicação de Huss era uma forma de contrapor a influência germânica dentro da Universidade.

Rapidamente a Igreja católica passou a se manifestar contra a presença de Jan Huss na Universidade. O papa decretou um interdito, banindo as cerimônias religiosas em Praga enquanto Jan Huss estivesse na cidade. As posições contra a venda das indulgências e demais críticas contra a Igreja levaram-no a ser acusado de heresia. Em 1412, Huss foi excomungado.

Mestre Jan Huss em apreciação no Concílio de Constança, tela de Václav Brozik (1851-1901). À época havia na Europa católica três papas, no fenômeno conhecido como Cisma do Ocidente. Para tentar sanar a situação, foi convocado o Concílio de Constança, em 1414, que, dentre outras coisas, julgaria alguns casos de heresia.

Jan Huss foi convocado para o Concílio, portando um salvo-conduto dado pelo rei Segismundo de Luxemburgo para que pudesse apresentar os motivos de suas ideias. Tal medida não impediu que Huss fosse preso durante os sete meses que duraram seu julgamento, e ele não conseguiu convencer os altos dignitários e também não renunciou a seus posicionamentos. Foi condenado por heresia pelo Concílio e no dia 06 de julho de 1415 foi queimado na fogueira.

Em 1414, Hus foi convocado a se apresentar ao Concílio de Constança e a negar a sua doutrina. O reformador negou-se a cumprir a exigência. Foi condenado por heresia pelo Concílio No dia 6 de julho de 1415, Hus foi morto na fogueira. Não foi atingido, porém, o propósito da Inquisição, de liquidar o movimento protestante de Hus através da morte do seu líder.

Apesar de sua morte, os conflitos na Boêmia se intensificaram, originando o que ficou conhecido como Revolução Hussita, entre os anos de 1419-1437.

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Pr. Adélcio Ferreira - IBPMG

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